Cantam-me ao ouvido que não ligam a quem queira de um modo infeliz que sejamos outros para além de nós, mas impõem-me algo que eu nunca quis ser, mas a que fui forçado, enclausurar-me, por defesa, “num mar de tubarões não podes ser peixinho”, “porque tens que ser mais homem e impor-te”, “porque não te podes ser fiel, isso é fragilizares-te, e homem não chora”. De disco riscado fiz, esta música enfadonha tocar repetitivamente nos meus ouvidos, e por isso me tornei, me tornei não o sendo, a máscara faz parte de mim, ela defende-me, magoa me e custa-me a respirar, mas com ela podes falar mal de mim, estás à vontade, se acalmar o teu coração, mas tu não vês que toda a gente sabe que odiar assim é só o amor ferido?
Numa sociedade não se pode fingir ser quem não se é, ou defendes os teus princípios, ou ficas para trás.