A performance Violência das Coisas Insensíveis parte da ideia do cansaço e das rotinas inerentes às dinâmicas das grandes cidades. A performance foca-se na pressa, na impermeabilidade ao próximo, na repetição de gestos e, sobretudo, no cansaço que essa repetição origina.
As interpretações remetem-nos para um tempo em contínuo que contém em si paragens e, assim, a violência do paradoxo. As esperas que se repetem vão adulterando os próprios gestos por força do cansaço “deixando-nos, assim, viver num movimento contínuo, mas oscilante, entre a proximidade e o afastamento das pessoas e dos sonhos”, como afirma Nuno Labau.
A criação do bailarino pretende, ainda, nas suas próprias palavras “evidenciar a forma como esta violência afeta as relações humanas, abaladas pelas macro e microestruturas sociais desta cidade que não pára, absorta às emoções do seu próprio sangue. E nós, esse sangue sensível, comprimimo-nos, esbarramos, derrapamos, batemos uns nos outros, na tentativa da fluência do nosso próprio caminho. Esse caminho que nos torna, afinal, tão insensíveis como as coisas”.
Para esta criação partiu-se do princípio da partilha artística. Dentro do atual contexto português foi seguida a linha da nova dança portuguesa, e por isso, foram reunidas vários tipos de performance, que, sendo diferentes mas complementares, incrementam o valor artístico deste bailado.
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