Editorial
EM 2119 ESTAREMOS POR CÁ!...
Caros Amigos e Caras Amigas,
O ano de 2119 será um ano tipo “Sputnik directo à Cloud”, cloud que há-de estar por aí a pairar!…
E há-de ser uma “curiosidade viral” – uma excitação colectiva, a deambularmos para cá e para lá (quem sabe?…), contando histórias do Bem que o Futuro acolhe como património do Sempre.
Será o tempo de um “cérebro digital”, mais disperso, mais impaciente, porventura mais distante de uma letra, de um escrito, de uma palavra, de uma frase… mas espero e desejo que abarque muito mundo, conectado intensamente, em infinito de sinapses que permitam um pensamento fecundo e sensível.
Daqui a 100 anos, que é já agora, será que nos vamos perguntar como foi impossível o diálogo entre a tecnologia e o ser humano? Ou o entrosamento entre o que foi criado e o seu criador vai ser tão radicalmente natural que nos vamos aproximar da super-humanidade?
E nas artes do circo correremos o risco de perder a “frisson” da superação dos corpos finitos, perderemos a possibilidade de falhar, deixará de existir a alegria de viver o momento feito de imprevisibilidade?
Os corpos robotizados e perfeitos guardarão a memória de um tempo em que o artista convocava, com o seu esforço, o seu empenho e carisma, a Arte, e nesse trânsito podia atingir a divindade?
Vamos ter que prolongar o nosso “envelhecimento activo” para sermos testemunho e inspiração das novas gerações, que percorrem, “no arame”, as esquinas de um mundo em mudança, para que tradição e contemporaneidade se conjuguem apenas “CIRCO”!
Todas e todos sejam bem-vindas e bem-vindos a mais um final de ano lectivo, corolário do percurso que em comum construímos. Em Junho, o 1.º e o 2.º anos da nossa Escola de Circo, celebram, e nós com eles, o Espectáculo: nesse exercício cívico e cultural de partilhar com muitos o que aprendemos, vamos continuando o Chapitô e as premissas que o sustentam há quatro décadas.
Mas a Casa Chapitô faz-se de muitos outros eixos e vontades, ainda que entrelaçados pela mesma missão de fazer das artes instrumento e experiência de desen-volvimento humano. É um caminho exaltante percorrido em colectivo: os Centros Educativos, o Centro de Acolhimento para a Infância João dos Santos, a Casa do Castelo, as Residências de S. Crispim, a Oficina Faz-Tudo, a Biblioteca, a Loja, o Bartô, o Quiosque e o Chapitô à Mesa, a Companhia Chapitô, a Trupe Sénior, os Cursos Fins de Tarde… e toda a estrutura da Casa, organizada em sectores: Gabinete de Apoio à Direcção, Serviços Financeiros, Gestão e Tesouraria, Escola de Artes e Ofícios do Espectáculo, Acção Social, Produção Geral, Produção da Noite, Serviços Gerais, Audiovisuais, Design.
Todos juntos numa dança feita para nunca parar, no calor de um abraço gigante que nos une a todos.
Amigas, Amigos, quanta existência despendida, um incalculável esforço, alegrias muitas e desilusões umas quantas, tudo ajudou a continuar a abrir caminhos e a continuar, neste “lugar comum”, até 2119.
Porque só estes “lugares comuns”, de artes do espectáculo, nos podem proporcionar grandes “encontros de humanidade”, sempre preparados para inaugurar novas “avenidas acolhedoras”, onde todos participam com entusiasmo e em que todos se renovam com “boa energia”.
É a cultura a unir-nos na solidariedade da Festa!
Abraços a todas e a todos.
Teresa Ricou