Editorial
Podem levar-nos tanta vida vivida, não nos levem o futuro!...
Maio de 2019. É tempo de celebrar a Força e a Dignidade da Mulher.
Às vezes espanto-me, orgulho-me, pergunto-me como foi possível, com tanto humor, tanta alegria, alguns tropeções, chegar a este número redondo de 12 anos de Ciclos de Mulheres Palhaças. Posso concluir que a sementeira foi fecunda, deu frutos e fez história, esta proposição original no mundo do espectáculo de circo.
Rir, fazer rir, é um acto revolucionário. Sem ser tão radical, mas ousando interpretar o real – porque a vida já tanto me ensinou: a chorar, a aclamar, a (re)clamar, a amar, a rir-rir-rir, tal qual os palhaços nos (e)levam ao rubro entre as misérias e as alegrias da vida – a Mulher Palhaça, com toda a sua delicadeza feminina, é denunciadora, provoca e alerta para um “novo mundo”, ainda longe do nosso alcance, mas muito perto das fantasias clownescas que ensinam que é possível viver sem medo, com esperança e com alegria.
Nós, Palhaças, temos uma responsabilidade acrescida como Mulheres, na transformação do mundo! Temos a coragem de exprimir, com a arte de fazer rir, a voz daqueles que passivamente pairam pelo mundo. Nós, as Pantomineiras, acordamos os povos para a justiça, para a igualdade, para a liberdade. Qualquer salto, malabarismo, equilíbrio, cambalhota, mostra a nossa capacidade infinita de fazer emergir a força positiva da nossa existência comum.
As Mulheres Palhaças, no início, eram partenaires. Trabalhavam em part-time (e muitas vezes em part-night com os seus parceiros-amantes-amigos-colegas de pista). Hoje elas são a-tempo-inteiro: artistas – pantomineiras- palhaças!
Protagonistas do seu talento, com a verdade e a tranquilidade de quem decidiu, por amor, ser artista! Com bravura, com alegria revolucionária, com determinação e muita persistência, com um fino sentido de humor, elas são “provedoras do mundo”.
No 12.º Ciclo das Mulheres Palhaças, neste Maio, na Tenda do Chapitô, juntamos Palhaças do Norte e do Sul: França e Brasil são as convidadas.
Teresa Ricou